segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Blueberry e a Nação Apache

Blueberry e a Nação Apache


N. C.: 1) Em 1984, Jean Giraud fez essa ilustração de 
Mike Steve Blueberry inspirada em Charlton Heston 
atuando em "Will Penny" "E o Bravo Ficou Só", título no 
Brasil; “Will Penny, le solitaire”, na França; “Costretto ad 
uccidere”, na Itália -, lançado em1968; mesma cena do 
ator foi utilizada no cartaz do filme dirigido por Tom Gries.


Inicia um período turbulento, em cujo as edições de “Blueberry” mudam continuamente de mão, passando de uma editora a outra (Hachette, Novedi e Alpen) para depois retornar sob a Dargaud. De fato, entre a saída de “Angel Face” e aquela de “Nez Cassé” transcorrem cinco anos.

O argumento do terceiro subciclo em questão, composto por “Nez Cassé”, “La Longue Marche” e “La Tribu fantôme(2), descreve o lento declínio da nação apache, um tempo feroz e temida, mostrando um punhado de índios navajos encerrados em uma reserva/prisão do governo federal, que decidem fugir rumo ao México.

N. C.: 2) As histórias “Nez Cassé” – “Nariz Partido”, “La Longue Marche” – “A Longa Marcha” e “La Tribu fantôme” – “A Tribo Fantasma” foram publicadas, em Portugal, pela extinta editora Meribérica e pela parceria entre o jornal Público e a editora ASA.




Na cena comparece o fugitivo Mike Blueberry, “adotado” com o nome de Tsi-na-pah (Nariz Partido) pelo velho chefe Cochise, que procura instilar um pouco de bom senso nas cabeças dos impulsivos guerreiros navajos guiados pelo impetuoso Vittorio, ciumento da atração que a bela e doce Chini, filha de Cochise, sente por Mike.


N. C.: 3) A prancha 21 de “Nez Cassé” foi idealizada e acrescentada
 à história por Jean Giraud. Fonte: Jean-Yves Brouard.






Em 1877, um chefe chiricahua de nome Victorio reúne 500 apaches de diversos grupos que odiavam a vida na reserva de San Carlos e deu a via à outra longa fase de guerrilha em todo o Novo México e no Texas ocidental, matando numerosos anglo-americanos.




Em outubro de 1880, os chiricahuas foram impelidos no México e exterminados em Chihuahua e os poucos sobreviventes foram vendidos como escravos! Historicamente, merece a mesma atenção Cochise e Gerônimo, e, de fato, todos os três chefes apaches foram envolvidos na saga de Blueberry por Charlier e Giraud, que têm, assim, demonstrado uma predileção particular por esses famosos protagonistas da epopeia do Oeste e pela nação apache.








A ideia do índio apanhado prisioneiro que consegue fugir das mãos dos militares é retomada por Charlier do primeiro ciclo sobre Forte Navajo até o momento da fuga da tribo do ciclo sobre a Ferrovia, mesmo se nesse ciclo os autores se detiveram demais no argumento.

Obviamente, Blueberry se demonstra sempre à altura da fama, elaborando ciladas e fugas, frequentemente pouco críveis, mas já que estamos em uma história em quadrinhos tudo é consentido aos autores, sobretudo no seu propósito de ajudar o povo vermelho sem matar nenhum branco, e, incrivelmente, os guerreiros apaches respeitam a sua vontade não matando os soldados nas ciladas elaboradas pelo nosso herói. 




Graças à inteligência de Blueberry, a tribo é conduzida a salvo, vencendo a resistência dos jovens guerreiros chefiados por Vittorio e graças à ajuda de Chini.

Na narrativa reencontramos Jimmy Mac Clure, Red Neck e Chihuahua Pearl, aqui chamada Lily Calloway, um trio de amigos sempre prontos a ajudar o nosso herói a fugir das garras do exército dos Estados Unidos, enquanto faz o seu ingresso outro famoso protagonista da epopeia western, Wild Bill Hickock (4), que se lança na perseguição de Mike.

N. C.: 4) James Butler Hickok (1837 —1876), melhor conhecido como Wild Bill Hickok, foi um vulto histórico americano e uma figura lendária do Velho Oeste. Hickok lutou no exército da União durante a Guerra Civil Americana. Chegou ao Oeste como condutor de diligências. Depois da guerra ele ganhou fama como jogador profissional e homem da lei. Foi xerife nos territórios de Kansas e Nebraska. Hickock se envolveu em vários tiroteios notórios, explorados pela imprensa sensacionalista. Ele foi morto durante um jogo de poker num saloon em Dakota. Fonte: Wikipédia.








Os quadrinhos desenhados por Giraud são correntes, não sobrecarregados pelos fundos negros, enquanto estilisticamente domina o traço simplificado e barroquiante, típico da produção registrada Moebius daqueles anos para os Humanoïdes Associées (“Arzak”, “A Garagem Hermética”, John Difool (5)).

N. C.: 5) John Difool, um dos protagonistas da série “O Incal”, cuja foi escrita por Alejandro Jodorowsky e desenhada por Moebius.


Blueberry
Textos de Jean-Michel Charlier e desenhos de Jean Giraud

18 – Nez Cassé
“Metal Hurlant” do nº 38 de 01/02/1979 ao nº 40 de 01/07/1979
“Super As” do nº 1 de 13/02/1979 ao nº 10 de 17/04/1979
Álbum Dargaud em 1980

Naso rotto
“Skorpio” do nº 18 ao nº 21 de 1981, Eura Editoriale
“1984” do nº 20 ao nº 23 de 1981, Edizioni Il Momento
“Collana Eldorado” 18, Nuova Frontiera, 1986
Álbum “Blueberry” 10, Editoriale Aurea, 2014
“Collana Western” 11, Gazzetta dello Sport, 2014


N. C.: 6) A prancha 1 do anúncio, do episódio “Nez 
Cassé”, publicado no número 1 de “Super As”, 
de 13 de fevereiro de 1979. Fonte: BDzoom. (7)


19 – La Longue Marche
“Super As” do nº 69 de 03/06/1980 ao nº 72 de 29/06/1980
e do nº 85 de 23/09/1980 ao nº 87 de 07/10/1980
Álbum Fleurus em 1980

La lunga marcia
“Skorpio” do nº 22 ao nº 25 de 1981, Eura Editoriale
“1984” nos números 28, 41, 42 de 1983/84, Edizioni Il Momento
“Collana Eldorado” 19, Nuova Frontiera, 1986
Álbum “Blueberry” 10, Editoriale Aurea, 2014
“Collana Western” 11, Gazzetta dello Sport, 2014


N. C.: 6) A prancha 2 do anúncio, do episódio “Nez 
Cassé”, publicado no número 1 de “Super As”, 
de 13 de fevereiro de 1979. Fonte: BDzoom. (7)

N. C.: 7) No primeiro número da revista europeia “Super As”, o começo da história “Nez Cassé”, de “Blueberry”, foi precedido de um resumo dos episódios anteriores que os novos leitores poderiam não conhecer. Fonte: jmcharlier.com


20 – La Tribu fantôme
“L’Écho des savanes” do nº 81 de 01/10/1981 ao nº 83 de 01/12/81
Álbum Hachette em 1982

La tribù fantasma
“Totem” do nº 35 ao nº 38 de 1984, Edizioni Nuova Frontiera
“Collana Eldorado” 20, Nuova Frontiera, 1987
“Skorpio” do nº 11 ao nº 13 de 2012, Editoriale Aurea
Álbum “Blueberry” 11, Editoriale Aurea, 2014
“Collana Western” 12, Gazzetta dello Sport, 2014




Fonte: Blog Zona BéDé, Itália.

Blueberry e la nazione apache © Zona BéDé 2014

A série “Blueberry” foi criada por Jean-Michel Charlier e Jean Giraud.
Blueberry © Jean-Michel Charlier / Jean Giraud - Dargaud Éditeur

Afrânio Braga

Edições do grupo Média-Participations na Livraria Amazon Brasil





domingo, 10 de dezembro de 2017

“La Jeunesse de Blueberry” nº 21 “Le Convoi des bannis”

Capa. 


Página de apresentação. 


Página 2. N. C.: Dedicatória de Michel Blanc-Dumont à sua falecida esposa,
colorista de diversos álbuns de Blueberry: Em lembrança de Claudine...


Prancha 1. 


Prancha 2. 


Prancha 3. 


Prancha 9. 


Prancha 14. 


Prancha 15. 


Prancha 16. 


Prancha 28, quadrinhos 2 e 3. 


Prancha 41, versão inicial.


Prancha 41, versão final.


Prancha 46B. 


Contracapa.

Ficha técnica

“Le Convoi des bannis”
“O Comboio dos Banidos”
Roteiro: François Corteggiani
Desenhos e capa: Michel Blanc-Dumont
Cores: Jocelyne Etter-Charrance
Volume: 21
Data de publicação: 4 de dezembro de 2015
Número de pranchas: 53
Gênero: Western
Preço: 11.99 €
Formato: 22,5x29,5 cm
Público: Todos os públicos – Família
Dargaud Éditeur, Paris, França

Edição: Anotado “Primeira edição”.

Fonte: Dargaud Éditeur e Bedetheque.


Resumo de “La Jeunesse de Blueberry” volume 21

21º álbum de “La Jeunesse de Blueberry”: uma nova aventura que se desenrola durante a Guerra de Secessão.

Quando Blueberry é transferido para uma penitenciária sulista, o trem que o transporta é tomado em uma emboscada. Nosso herói consegue escapar e encontra refúgio em um povoado fora do tempo e da guerra. Infelizmente, o fogo e as lágrimas nunca estão muito longe, e a Guerra de Secessão vai em breve alcançar esse lugarejo tranquilo.

Uma esplêndida aventura de “La Jeunesse de Blueberry”, maravilhosamente colocada em imagens por Michel Blanc-Dumont.

Fonte: Dargaud Éditeur.





Ilustração da capa: lápis, nanquim e cores.




A capa do álbum alemão “Die Jugend von Blueberry” band 50 “Der Verbotene Konvoi” (“La Jeunesse de Blueberry” tome 21 “Le Convoi des bannis”), publicado pela Egmont, na coleção Comic Collection, em 1º de outubro de 2015, com o número 50 (do 50º volume de Blueberry lançado pela editora alemã, somando as três séries blueberryanas), foi extraída de um desenho de Michel Blanc-Dumont, feito em 2000, que foi publicada em uma capa removível para livro, pela Galeria Daniel Maghen, em policromia e dimensões de 57,5x29, cm.




Um provável estudo de capa da editora Egmont para “Der Vertotene Konvoi” e a respectiva ilustração feita por Michel Blanc-Dumont. A notar que o rosto do cavaleiro muda na capa: do vaqueiro para aquele de Blueberry.


Fonte das imagens: Dargaud Éditeur: capa, páginas 1 e 2, pranchas 1, 2 e 3. Bedetheque: contracapa. Michel Blanc-Dumont: pranchas 9, 14, 15, 16, 28 (quadrinhos 2 e 3), 41 (as duas versões de cores) e 46B; ilustração da capa (lápis, nanquim e cores); desenho para uma capa removível de livro para a Galeria Daniel Maghen; desenho do provável estudo de capa da editora Egmont.

A série “Blueberry” foi criada por Jean-Michel Charlier e Jean Giraud.

La Jeunesse de Blueberry nº 21 Le Convoi des bannis © François Corteggiani, Michel Blanc-Dumont, Dargaud Éditeur 2015
Die Jugend von Blueberry band 50 Der Verbotene Konvoi © François Corteggiani, Michel Blanc-Dumont, Egmont 2015

Afrânio Braga

domingo, 26 de novembro de 2017

Blueberry e o Ciclo do Atentado

Blueberry e o Ciclo do Atentado


N. C.: 1) O anúncio de “L’Outlaw” em “Pilote” nº 699, de 29 de março de 
1973, apresenta extrato do quadrinho 6 da prancha 2 da história, que foi 
publicada com parte do título em inglês, no semanal a partir do número 
seguinte, e com o título em francês, “Le Hors-la-loi”, em álbum, em 1974.


Le Hors-la-loi(2) e “Angel Face(2) representam a continuação do ciclo precedente. Seria mais correto definir esses dois álbuns um dos quatro subciclos da ampla narrativa que começa com “Chihuahua Pearl(2) e que se conclui em “Le Bout de la piste(2), para um total de dez volumes.

2) Álbuns publicados em português pela extinta editora Meribérica e pela parceria do jornal “Público” com a editora ASA, todos de Portugal. “Le Hors-la-loi” – “O Fora-da-lei”, “Angel Face” – “Angel Face”, “Chihuahua Pearl” – “Chihuahua Pearl”, “Le Bout de la piste” – “O Fim da Pista”.




Em “Le Hors-la-loi”, os autores mostram Mike Steve Blueberry que, de encarcerado na penitenciária militar de Francisville, Alabama, e com os cabelos raspados a zero, é obsecado pela ideia de reentrar no México para constranger o comandante Vigo a dizer a verdade sobre o ouro confederado. Nos acontecimentos sucessivos à sua evasão para alcançar esse objetivo, encontra dois personagens mais resurgidos de toda a saga: Guffie Palmer e Marmaduke o’Saughtnessy, um rapaz da face de anjo. Será, sobretudo, o segundo a ficar impresso na memória dos leitores e a dar o título à segunda parte do díptico, “Angel Face”.








Le Hors-la-loi” pode parecer um episódio de ligação sem demais reviravoltas, aparentemente subtom, inferior àquelas do ciclo precedente. Na realidade, nesse álbum a ação cede o posto à reflexão, às revelações, à inquietude. A coloração original, desejada provavelmente pelo próprio Giraud e não mais modificada sucessivamente como sucedeu aos primeiros álbuns, apresenta personagens com rostos verdes, fundos e primeiros planos virados sobre o azul claro, como para criar perplexidade e sentido de incômodo utilizando sem moderação as tonalidades frias!




Todo de outra massa é, ao invés, o sucessivo “Angel Face”. Charlier idealizou a história de um complô conspirado aos danos do presidente Grant, durante uma visita eleitoral a Durango, envolvendo o nosso herói na trama, que torna a ser o bode expiatório ideal, mas essa vez de uma culpa bem mais grave que de um tesouro roubado.








O ritmo da narrativa é decisivamente mais cerrado, nisso se encontra a capacidade de Charlier de atrair a atenção do leitor e de mantê-la ligada da primeira à última página. As pranchas são mais arejadas, com um menor número de quadrinhos, Giraud evitou sobrecarregar os desenhos, tornados mais fluidos, limitando o uso excessivo do preto como fundo. Graças ao uso do microtracejado e às detalhadas reconstruções cenográficas, “Angel Face” resulta um dos melhores episódios de toda a série.

Por notar que a ideia brilhante das cenas urbanas sobre telhados e ao longo das ruas apinhadas foi utilizada por Giraud em “Mister Blueberry”, enquanto a ideia do atentado foi retomada e ampliada por François Corteggiani na série “La Jeunesse de Blueberry”.

Algumas mudanças de estilo entre as duas partes podem também depender do lapso de tempo intercorrido entre a publicação da primeira e a segunda metade do “complô contra Grant”: de fato, passam mais de dois anos. “Le Hors-la-loi” é pré-publicado em capítulos, como todos os precedentes episódios, no periódico “Pilote”, que, porém, cessa a vida como semanal em junho de 1974. “Angel Face” não aparecerá no mensal que toma o posto da revista, antes das muitas reencarnações do glorioso título, mas só em setembro de 1975 no primeiro número de “Nouveau Tintin”, prosseguimento, com modificação do título e nova numeração, da edição francesa do semanal belga.




Desse momento, as histórias de Blueberry, não mais reguladas pelas apertadas necessidades de um periódico, se farão esperar: passarão mesmo muitos anos entre um álbum e o sucessivo. A frequência de dois álbuns ao ano se tornará uma bela recordação e os leitores das primeiras edições deverão armar-se de muita paciência para seguir as vicissitudes do seu amado “tenente”.


Blueberry
Textos de Jean-Michel Charlier e desenhos de Jean Giraud

16 – Le Hors-la-loi
“Pilote” do nº 700 de 05/04/1973 ao nº 720 de 23/08/1973
Álbum Dargaud em 1974

Il fuorilegge
“Skorpio” do nº 10 ao nº 13 de 1981, Eura Editoriale
“Collana Eldorado” 16, Nuova Frontiera, 1986
“Blueberry” 16, Alessandro Editore, 2014
Álbum “Blueberry” 9, Editoriale Aurea, 2014
“Collana Western” 10, Gazzetta dello Sport, 2014


17 – Angel Face
“Nouveau Tintin” do nº 1 de 16/09/1975 ao nº 9 de 11/11/1975
Álbum Dargaud em 1975

“Angel Face
“Skorpio” do nº 14 ao nº 17 de 1981, Eura Editoriale
“Collana Eldorado” 17, Nuova Frontiera, 1986
Álbum “Blueberry” 9, Editoriale Aurea, 2013
“Collana Western” 10, Gazzetta dello Sport, 2014

Fonte: Blog Zona BéDé, Itália.

Blueberry e il ciclo dell’attentato © Zona BéDé 2014

A série “Blueberry” foi criada por Jean-Michel Charlier e Jean Giraud.
Blueberry © Jean-Michel Charlier / Jean Giraud - Dargaud Éditeur

Afrânio Braga

Edições do grupo Média-Participations na Livraria Amazon Brasil